terça-feira, 1 de julho de 2008

Comentando o Fato
Jornal Jequié

A corrida em busca da curul municipal está tomando velocidade, sendo imprevisível o seu desfecho.
Dia trinta deste, numa noite de festas, mais um candidato a sucessão do atual alcaide mostrou a sua força política: Luis Amaral.
O xará, autêntico e combativo militante do PMDB, levou para a Câmara de Vereadores uma multidão capaz de demonstrar sua liderança dentro do partido governista.
Aliás, seria até uma ingratidão se o partido do Dr. Ulisses não viesse, aqui em Jequié, oferecer o seu apoio ao jovem e inteligente empresário. Ele, por várias e incontáveis vezes provou sua fidelidade aos princípios que regem o PMDB. Ele, ao contrário de tantos outros, jamais abandonou as fileiras peemedebistas quando foi vencido nas disputas internas. A sua militância, por vários anos, sofrendo pressões, obtendo vitórias, vencendo obstáculos, transpondo barreiras, mostra, indiscutivelmente, sua coerência e seu amor à bandeira do partido de Waldir.
Assim, nada mais justo que a homologação do seu nome para defender, em praça publica, o nome do PMDB como candidato a Prefeito de Jequié. Candidatura, diga-se de passagem, que vem tomando corpo, solidificando-se, mercê de sua bandeira, graças ao impoluto nome que a sustenta.
Luis Amaral, empresário bem sucedido, jovem e talentoso, político por vocação, administrador por conhecimento, é uma das opções que o povo terá, caso as eleições se processem em novembro próximo.
Comentam-se, pelos gabinetes acarpetados de Brasília, a possibilidade de adiar-se a eleição de Prefeito, prorrogando-se, assim, por mais um ano, o mandato dos atuais alcaides municipais.
Para o Luis Amaral, que possui uma estrutura política solidificada, apenas aumentaria o seu tempo de trabalho no corpo-a-corpo com os seus adversários. Persistente, idealista e pragmático, o meu xará não desistirá da luta.
Ele, ao contrário de alguns, não acostuma abandonar o barco quando o mar se encapela e as ondas metem medo. Ele, já acostumado a grandes travessias, tem em mente um ideal politico-partidário, sonha em oferecer seu trabalho à sua terra. Por isto o respeito e o admiro.
E por respeitá-lo e admira-lo, é que o parabenizo pela demonstração de liderança apresentada na ultima segunda-feira, quando mostrou aos dissidentes do seu partido e aos implacáveis adversários políticos, que somente aos idealistas sinceros e autênticos são jogadas as pedras da inveja e, também, são lançadas as flores do reconhecimento.
São fatos que não se realizam pelo simples querer. É na oficina da luta que se forja o aço do ideal. Aço que não se quebra e não se dobra, porque feito de muito amor, de muita coragem e, sobretudo, da certeza de que o caminho é o escolhido e a meta é a desejada.
*****
(Observação: Este comentário foi escrito e publicado nos idos de 1989, quando Luis Amaral foi escolhido para ser o candidato a Prefeito pelo PMDB. Se alguns mudaram de partido, não foi o Xará. Por isso, acredito não ser necessário atualizar a matéria).
ESTRELA CADENTE
Em 27-11/1963


Ontem, no azul infinito do céu, um risco de prata percorreu a amplidão! Era uma estrela cadente, tímida e fria que buscou refúgio dentro do espaço imenso. Foram segundos de esplendor!
Olhando-a, na sua correria doida na celeste abóbada, senti que minh’alma é como as estrelas cadentes, tímidas e frias, que percorrem o espaço em busca de calor e de afeto.
Eu sei que minh’alma, pálida e poética, um dia encontrará o seu lugar na amplidão dos cosmos. Quantas vezes, oh! Martírio cruel fico esperando os beijos de amor de tua boca morena, os afagos de tuas mãos de santa, os murmúrios de teus lábios de virgem! As estrelas correm pelo infinito e minh’alma vagueia pelos bosques da vida!
Ontem, quando aquele risco de prata passou pelo céu, quando aquela fuga de estrela iluminou a amplidão, meus olhos que te buscavam incessantemente viram-te vestida de branco, buscando os pés do altar, para o final, o grande final do nosso sonho de amor!
Senti desejos de apanhar migalhas de luz da estrela cadente! Senti ânsias de apanhar a trilha iluminada do céu para colocar aos teus pés numa epopéia de devoção e de humildade.
És para mim, oh! Querida, um ser divino!
És como as estrelas de luz, como o perfume da flor, a beleza do arco-íris, a singeleza da pluma.
Eu sou teu enamorado, escravo dos teus olhos, servo dos teus lábios pequeninos, aveludados, provocantes.
Um dia, oh! Quanto espero, as luzes das estrelas brilharão sobre os teus cabelos morenos, encontrando abrigo em minh’alma poética que aguarda tristonha e com imensa ansiedade, porque todas as luzes haverão de coroar o nosso sonho de amor, porque somos pela eternidade afora dois seres que se amam, perdidamente, com toda a sinceridade do coração...

sexta-feira, 28 de março de 2008




O PAI...
O FILHO...
A POESIA!





Pai! A poesia é do homem a chama
Que acende luzes onde a escuridão campeia!
Ela é o archote que ilumina o mundo,
É a liberdade que ninguém cerceia!

Pai! A poesia é do homem o dote
Que quebra elos de qualquer cadeia!
Ela é a cruz que afugenta algozes,
É o fogo santo que a amor ateia!

Pai! A poesia já não mais precisa
Rimar seus versos para falar de paz!
Se quebra a rima a poesia é forte
Para falar teu nome: O teu nome, Pai!

Pai! A poesia é o sentimento nato
Que o dinheiro não violentou!
É andorinha que nos beirais da porta
Faz o seu ninho que é um lar de amor!

Pai! A poesia não suporta jugos
Pois é o néctar que o ideal consome!
Mas, chega humilde e de humildade santa
Lhe pede vênia para escrever teu nome!


Pai! A poesia vem lhe pedir licença,
Vem tão medrosa lhe chamar: SENHOR!
Ela que nunca se curvou ao mundo
Ajoelhada aos teus pés prostou!


Pai! A poesia reconhece o forte
Que fez da vida o ideal de amar!
E é por isso que ela vem agora
Beijar tua face e te acariciar!




Pai A poesia é de Deus a fada
Que espalha o bem sem escolher Nação!
Por ser de Deus, é a própria vida,
E por ser vida, teve criação!


E é por isso que ela chega humilde
Pois ela é a vida que você criou.
Ela é seu filho que nos versos rima
O amor da vida que você gerou!

Ela é a vida que você um dia
Pediu a Deus pra mamãe gerar!
Ela é o amor de cabelos brancos
Que estamos agora a comemorar!

Pai! A poesia já perdeu as asas,
É ave mansa que retorna ao ninho!
Ela é seu filho que lhe pede a bênção,
Pede o seu beijo e o seu carinho!

Pai! A poesia que voou tão alto,
Volta à terra e nos seus braços cai!
Quer recordar de um passado o tempo
Que balbuciava o teu nome: PAI!

Que andava trôpega sem recear a queda
Pois nos teus braços tinha proteção.
Se ela caísse tu sentias tanto
E a poesia não sentia, não!

Pai! A poesia que não teme o mundo,
Treme de frio e já quer chorar!
Não encontra verso pra dizer teu nome
Não encontra rima pra te confessar!

Te confessar que a alegria é tanta
Ver uma família reunida em paz!
De ter por mãe uma mulher tão santa
De ter nascido de você, oh! Pai!

Pede licença para sair da sala,
Sair correndo pra ninguém notar!
A poesia que não teme o mundo,
Fecha seus versos, pois já quer chorar!

Pede desculpas por não ser tão forte,
Ela que pensava ser a fortaleza!
Hoje ela sabe que o mais forte rei
Ante você perde a realeza!

Pai! A poesia que você um dia
Pediu a Deus para mamãe gerar,
Pede licença para beijar teu rosto
E no teu colo se agasalhar!



Bodas de Ouro de
Aparício e Hilda
Em 18-07-1981
(Para os meus irmãos. Relembrar momentos tão felizez!)

quarta-feira, 26 de março de 2008

Crônica escrita para o programa Carnê Social – Rádio Bahiana – em 08/04/1975


Oh! Quando a chuva vem molhar a terra, salpicar toda a extensão dos caminhos, banhar as flores e as folhas verdes dos jardins da vida, eu me recordo de ti, meu anjo divino!
Quando as nuvens escondem a lua teimosa, trazendo o frio ao meu corpo cansado, minh’alma se estremece de desejos de abraçar-te carinhosamente, osculando em teus lábios os beijos de amor!
No ocaso sangrento das tardes, no alvorecer alegre das manhãs, na trilha difícil em busca da glória, tu és minha inspiração, fonte permanente de encorajamento e de incentivo. Eu - pobre poeta – enamorado dos teus olhos, que não tenho deus nem religião, às vezes aos teus pés venho adorar-te! É que tu és o meu anjo divino, o deus de todas as realidades, a força das minhas fraquezas, o meu entusiasmo, a minha vida! Sem ti, minh’alma tropeçaria nos arrecifes do destino e, ao certo, cairia nos abismos das frustrações e dos pecados!
No respirar da brisa suave de todas as madrugadas, no sentir de todas as nostalgias, tu se me aparece mais mulher, mais enamorada, mais carinhosa.
Quem seria eu querida minha – sem as tuas palavras, sem o teu perfume, sem o suave carinho de tuas mãos de santa?
Por certo que o homem só, vagabundo das noites frias e das madrugadas ébrias de solidão! Talvez um ser errôneo, caminhante incerto das trilhas da vida, poeta triste, sem nome e sem lar!
Eu te agradeço – mulher sublime – a dedicação de teus carinhos, a fidelidade de tu’alma, o conforto da tua presença, o beijo dos teus lábios, o lânguido olhar dos teus olhos negros!
Eu te agradeço, sobretudo, pela compreensão, por saber frutificar um amor santo, por saber ser mulher!
E, no ocaso de todas as tardes, no alvorecer de todas as manhãs, nas frustrações e nas alegrias, no sorriso e na dor, nós nos encontramos a nós mesmos, na essência divina da realidade, amando-nos, querendo-nos mutuamente, na magistral significação do amor!

segunda-feira, 24 de março de 2008

Canto de Pagina
12 a 18 - 11 -87
Jornal Sudoeste

Escrevo sob um céu nublado, de azul enegrecido. Faz calor e gotas de suor se me afloram à pele, descendo pelas mãos, molhando o teclado da velha máquina onde dedilho estas mal traçadas linhas.
Jequié está na iminência de um colapso total no seu abastecimento d’água. A EMBASA já não tem onde buscar solução. A obra emergencial em construção no Rio Guaíba continua, mas somente no final deste mês estará concluída. Até lá, caso não chova, a vazão desse rio tende a baixar. Resultado: pode-se concluir a obra, e no rio não haverá mais água! E daí?
Fico pensando, - enquanto o suor vaza pelos poros, - porque diabos a EMBASA não fez, até agora, a captação de água na Barragem de Pedra. Lógico que irão argumentar, que uma obra desse porte implicará em alocação de recursos consideráveis, projetos dos mais ousados e financiamentos até mesmo internacionais. Aceito tudo, com paciência e resignação. Mas, permito-me ficar indignado.
O que estamos a assistir, agora, é uma previsão falha para o nosso sistema de água. Se eu fosse ouvir a conversa de certo doutor da EMBASA, hoje não teria uma gota d’água em casa.
Lembro-me que esse técnico garantiu-me que a duplicação realizada em o nosso sistema abastecedor, daria para manter Jequié até o ano 2000, sem faltar água nas torneiras de nenhuma casa! Armazenar água, dizia-me o entendido, já era. A água vai fluir normalmente pelas torneiras; para isso, basta você abri-las...
Pobre homem! Ele não sabia fazer previsão! Hoje, ele mesmo deve alegar que os fenômenos climáticos, a destruição de ozônio, o “El Nino”, tudo isto está indo de encontro às previsões técnicas. Aceito, em parte. Mas, se previsão é o ato ou efeito de prever; é a antevisão, por certo que os técnicos da EMBASA não sabiam o seu significado. Por serem técnicos, deveriam reconhecer que aquele serviço feito em o nosso sistema de abastecimento, não suportaria a demanda até o ano 2000!
Creio quer as chuvas virão até o final deste mês. Receio, porém, que em enchendo a barragem do Rio Preto, a obra emergencial seja paralisada.
Que os técnicos da EMBASA sensibilizem o Senhor Governador para o inicio imediato da captação na Barragem de Pedra, MESMO COM O SISTEMA DE ÁGUA REGULARIZADO! Pensemos no futuro! Não vamos fazer como aquele “técnico” que garantiu água corrente nas torneiras até o ano 2000!
Todos sabem que a natureza está sendo violentada. E ela reage sempre com violência. Aliás, alguém já me disse certa vez: Deus perdoa sempre; os homens, às vezes; a Natureza, nunca!
Depois, não venham se queixar, quando faltar água até para lavar os olhos ressequidos pelo arrependimento.
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(Matéria publicada no Jornal Sudoeste em novembro de 1987. Hoje Jequié já é abastecida com água captada na Barragem de Pedra. O problema foi resolvido).