segunda-feira, 3 de março de 2008

Comentando o Fato
Jornal Jequié
06 a 14 -12 - 87

Fala-se muito em trocas de Ministros. Em a nossa aldeia, comentou-se com invulgar insistência a saída do Delegado Regional de Polícia. Todos os cargos de confiança tiveram a troca da “guarda”. Olhando tudo isso, lembrei de uma crônica escrita por Humberto de Campos. Como costumo cumprir minhas promessas e tinha prometido transcrever algumas delas quando surgissem oportunidades, esta, que tem por título UM CONTO DE MARK TWAIN (História para Ministros), está publicada em o livro “Da Seara de Booz”. Vamos à crônica, mantida a sua ortografia original:
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"Quando Mustafá, comerciante em Bassora, transpôs as escuras portas da morte, o seu filho Acmed, satisfazendo o último desejo paterno, tomou de duzentas libras e partiu pelo país a entregá-las metade ao homem mais perverso e metade ao sujeito mais tolo de toda a Turquia.
O primeiro foi encontrado sem custo: era Sulimão, cheique de Guza, cuja população por unanimidade, o apontou como o péssimo dos muçulmanos.
O segundo, estava mais longe. Penetrava Acmed as primeiras ruas de Constantinopla quando viu um cortejo. Eram cavalos arreados de ouro e prata, janízaros faiscantes nas suas armaduras, cimitarras coruscantes ao sol e, no meio de todo esse fausto, montando soberbo cavalo ajaezado, um velho de longa barba, festejado pelo entusiasmo da multidão.
O filho de Mustafá acompanhou o séqüito e parou, com ele, em certa praça, onde havia um estrado, no centro do qual se via, espetada uma lança, a cabeça de um homem.
- Que quer dizer isto? – perguntou Acmed a um janízaro.
- É a posse de Ali-bel, o novo grão-vizir.
- E aquela cabeça?
- É a do seu antecessor, mandado degolar ontem pelo sultão; todo grão-vizir, por via de regra, acaba degolado, sendo a cabeça exposta aos olhos do povo, que a apupa durante a posse do seu sucessor.
No dia seguinte, após alguns incidentes secundários, Ali-bel recebia no seu palácio de Constantinopla as cem libras turcas do testamento de Mustafá”.
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Que os nossos leitores, (meus, e do Humberto de Campos), possam se deliciar com a genialidade do imortal escritor, cujas crônicas, escritas a mais de meio século, continuam vivas em a nossa atualidade.
Pois que, os homens, por sua vaidade, egoísmo, prepotência, orgulho e maldade, não mudam, jamais.
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Matéria publicada no Jornal Jequié. Dezembro de 1987. ( Parece-me atual!)

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