INFERNO N´ALMA
14 -12 -61
Hoje sinto correr celeremente em meu corpo aquele desejo ardente de te ver.
Parece que minh´alma se esvoaça, buscando-te, querendo-te!
Neste silencio torturante do meu quarto, no vai-e-vem constante da lâmpada sacudida pela brisa ligeira que penetra pela janela aberta, sinto calor e – oh! Contraste hediondo, - sinto frio.
Cansado, exausto de pensar, sofrer e querer, não consigo conciliar o sono.
“Eu sinto em mim o borbulhar do gênio”, mas não “vejo um futuro radiante”. É como se fosse um dia ou uma noite sem madrugada, porque a madrugada não vem. Para que as madrugadas se o pássaro não sai do ninho?
Estou preso pelos grilhões dos teus olhos!
Tuas mãos ainda percorrem docemente os meus cabelos, acariciando estes olhos que teimam em não chorar!
Teus beijos – ah! Teus beijos. - ainda os sinto queimando-me a carne.
Hoje é o meu grande dia!
Dia da espera, da saudade e da dor!
Quanto desejo morrer!
“Eis-me aqui poeta triste das tristes noites! Meu corpo é frio e dos meus braços não desprende mais calor! Vens, que eu sou a tua amante. Dar-te-ei todo o afeto que agora te falta. Vem escriba do sangue! Vem eu sou a Morte”!
E a janela, escandalosamente bate! Eu sinto que meu quarto, meu mundo se transformou.
Não! Não quero morrer!
A mocidade vibra comigo nas noites enluaradas, nas orgias loucas,
Não! Não quero morrer!
O futuro me sorri e eu vejo os meus passos ressoando em um mundo mais feliz. Não! Não quero morrer!
Eu preciso rever a quem adoro. Não me tentes. Hoje eu não te quero! Vai-te!
Fosses tu como a esta quem adoro; se os teus beijos tivessem a doçura dos seus; se teus olhos ferissem ao me olhar; se teus braços me acalentassem na dor; se teus lábios fossem fonte de desejos; eu iria contigo!
Abraçaria teu corpo frio e na orgia de sangue e nos poemas de dor, eu ficaria ao teu lado. Beberia o néctar dos teus lábios e pronunciando o nome “dela”, diria adeus ao mundo hipócrita e vil, escreveria meus últimos versos... E morreria.
És tão diferente!
És frio e ela é calor!
És negra como a noite sem luz e ela – ah! Ela – branca, alva como um deus.
Vai-te, ó morte!
Eu ficarei sofrendo e amando.
Sorrindo e chorando.
Eternamente. Por ela!
Hoje sinto correr celeremente em meu corpo aquele desejo ardente de te ver.
Parece que minh´alma se esvoaça, buscando-te, querendo-te!
Neste silencio torturante do meu quarto, no vai-e-vem constante da lâmpada sacudida pela brisa ligeira que penetra pela janela aberta, sinto calor e – oh! Contraste hediondo, - sinto frio.
Cansado, exausto de pensar, sofrer e querer, não consigo conciliar o sono.
“Eu sinto em mim o borbulhar do gênio”, mas não “vejo um futuro radiante”. É como se fosse um dia ou uma noite sem madrugada, porque a madrugada não vem. Para que as madrugadas se o pássaro não sai do ninho?
Estou preso pelos grilhões dos teus olhos!
Tuas mãos ainda percorrem docemente os meus cabelos, acariciando estes olhos que teimam em não chorar!
Teus beijos – ah! Teus beijos. - ainda os sinto queimando-me a carne.
Hoje é o meu grande dia!
Dia da espera, da saudade e da dor!
Quanto desejo morrer!
“Eis-me aqui poeta triste das tristes noites! Meu corpo é frio e dos meus braços não desprende mais calor! Vens, que eu sou a tua amante. Dar-te-ei todo o afeto que agora te falta. Vem escriba do sangue! Vem eu sou a Morte”!
E a janela, escandalosamente bate! Eu sinto que meu quarto, meu mundo se transformou.
Não! Não quero morrer!
A mocidade vibra comigo nas noites enluaradas, nas orgias loucas,
Não! Não quero morrer!
O futuro me sorri e eu vejo os meus passos ressoando em um mundo mais feliz. Não! Não quero morrer!
Eu preciso rever a quem adoro. Não me tentes. Hoje eu não te quero! Vai-te!
Fosses tu como a esta quem adoro; se os teus beijos tivessem a doçura dos seus; se teus olhos ferissem ao me olhar; se teus braços me acalentassem na dor; se teus lábios fossem fonte de desejos; eu iria contigo!
Abraçaria teu corpo frio e na orgia de sangue e nos poemas de dor, eu ficaria ao teu lado. Beberia o néctar dos teus lábios e pronunciando o nome “dela”, diria adeus ao mundo hipócrita e vil, escreveria meus últimos versos... E morreria.
És tão diferente!
És frio e ela é calor!
És negra como a noite sem luz e ela – ah! Ela – branca, alva como um deus.
Vai-te, ó morte!
Eu ficarei sofrendo e amando.
Sorrindo e chorando.
Eternamente. Por ela!
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Crônica escrita para o programa Carnê Social - Rádio Bahiana - dezembro de 1961.
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